De Miguel Torga
Não sei quantos seremos, mas qu'importa?!
um só que fosse e já valia a pena.
Aqui,no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto,esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga: "Camara Ardente", 1962
4 comentários:
na verdade pensei mmo em tirar ferias do blog mas isto e demasiado viciante ehehe
é um bom poema, diferente mas bom poema à mma....
um abraço
belo poema, torga em grande
XD
Abraço do ZÉ
lol
Ora nem mais!! fora com as mentiras e força pa verdade e postura!!! é o que falta nesta espelunca à beira mar plantada...
Há coisas que não podemos mudar, é certo... outras podemos e não queremos... outras há ainda que queremos e não sabemos como!
Saberemos nós distinguir realmente o que presta do que não presta? E será que o que presta é o que nos faz feliz? Poderemos descartar facilmente o que não presta?
Se a vida fosse assim tão linear...! Mas ela, a vida, é irónica, brinca connosco, põe-nos á prova. Escolher entre viver numa comédia quotidiana ou optar pela verdade das coisas, nem sempre é uma opção fácil e nem sempre está ao nosso alcance.
Se eu pudesse...ou soubesse como!
Beijinhos
P.S. Como ando fujida, a minha visita é rápida... mas não podia deixar de parar neste texto. E teria tanto para escrever sobre ele..!
Beijocas e boa noite
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