Como já fizeram o favor de retirar da Internet aquilo que ainda ontem lá estava, o Epá Cum Catano faz questão de deixar aqui os excertos do interrogatório de Pinto da Costa, para que, quem não teve hipóteses de ler, o faça aqui.
I. Superliga 2003/2004
Jogo Nacional-Benfica (22.02.04) Resultado: 3-2
Pinto da Costa afirma desconhecer o que se terá passado entre o presidente do Nacional e António Araújo relativamente ao jogo entre a equipa da Madeira e o Benfica. O líder portista considera “normal” que Rui Alves lhe tenha ligado a dizer “dei uma ajuda”. Pinto da Costa diz ser, de facto, “uma ajuda preciosa, pois afasta os adversários do FC Porto na conquista do título”. O presidente dos dragões afirma “peremptoriamente que, com o seu conhecimento, nunca foram dadas prendas ou dinheiro a árbitros da parte do FC Porto”.
Sobre António Araújo, Pinto da Costa revela que o empresário tratava com Rui Alves, líder dos insulares, da situação do Nacional, e quando falava no prestar de “um serviço muito importante ao FC Porto”, diz que se está a referir às transferências dos jogadores Rossato e Paulo Assunção, em Agosto de 2004. Na altura falava-se que Adriano, do Nacional, podia sair para o FC Porto, mas o negócio não se chegou a concretizar. Relativamente a Rossato e Paulo Assunção, o líder portista afirma que Del Neri, o treinador italiano ao serviço do FC Porto na altura, é que mandou os jogadores embora. Pinto da Costa considera “que eram boas aquisições para o clube", tendo-lhes até dado indicações de que "iriam interessar no futuro, ou seja, na época seguinte”.
O dirigente azul e branco nega ter conhecimento da ida do árbitro Augusto Duarte ao jogo entre o FC Porto e o Manchester United, até porque o clube nunca convida nenhum árbitro. Pinto da Costa afirma que António Araújo “tinha na altura 6 ou 8 lugares na Zona VIP do estádio para levar quem ele quisesse”.
Jogo Beira-Mar-FC Porto (18.04.04) Resultado: 0-0
Quanto à visita de Augusto Duarte a sua casa, Pinto da Costa refere que foi António Araújo quem lhe apareceu lá com o árbitro, e que a visita até foi inconveniente pois tinha a sua esposa (então, Carolina Salgado) doente. O presidente portista afirma que conhece Augusto Duarte desde o início da carreira deste e que conhece também o seu pai, um ex-árbitro. Pinto da Costa alega que “nunca antes tinha privado com ele, para além dos contactos normais no âmbito dos jogos”.
Relativamente ao jogo Beira-Mar-FC Porto, diz que os dragões não tinham qualquer interesse “em pedir favorecimentos a um árbitro, muito menos num jogo com o último classificado, até porque a equipa jogou em grande parte com as reservas, com vista a poupar os jogadores para o jogo que se avizinhava, a meia-final da Champions League”.
Questionado por que não recusou a visita de Augusto Duarte ao seu domicílio, Pinto da Costa esclarece que não pretendia “hostilizar o sr. Árbitro e por outro o sr. Araújo tinha sido muito solícito na resolução de um problema" que teve, relacionado com a construção da sua casa. O dirigente azul e branco diz desconhecer o que Araújo disse a Augusto Duarte sobre essa visita e refere que a conversa com o árbitro “não versou em qualquer momento o jogo que dois dias depois Augusto Duarte iria arbitrar”, tendo revelado que “poucas pessoas do futebol” vão a sua casa.
II. Taça de Portugal, época 2002/2003
Final da Taça frente à U. Leiria
No que diz respeito à final da Taça de Portugal de 2003, o presidente do FC Porto diz estar convencido que Pinto de Sousa ouvia sempre as duas partes, relativamente à escolha do árbitro. “Não há nenhuma regra para ser o 1.º classificado a apitar o jogo da Taça”, afirma Pinto da Costa, que adianta ainda que Isidoro Rodrigues, que foi dos últimos classificados, “não foi escolhido porque ele próprio [Isidoro Rodrigues] recusou o convite”.
Em relação a Pedro Henriques, o presidente dos dragões revela não ser um árbitro “que lhe interessa particularmente”, pois o lisboeta tinha o "defeito de deixar jogar levando a que os jogadores acabem com lesões". “É um árbitro insuspeito e que não sofre normalmente contestações”, complementou... Confrontado com o facto de não haver registos telefónicos efectuados por Pinto de Sousa com outras pessoas em relação à escolha de árbitros, diz que isso é normal pois Pinto de Sousa deslocava-se a Lisboa com muita frequência e por isso faria os contactos pessoalmente com os dirigentes.
O presidente dos actuais campeões nacionais sublinhou que é amigo de Pinto de Sousa há mais de 50 anos e tem com ele uma amizade que classifica de “irmão”. “Por isso quando lhe indicava algum árbitro, era com a preocupação de o defender”, considerou. No jogo com a União de Leiria, teve a preocupação que João Bartolomeu “não ficasse descontente”, pois era a primeira vez que este clube estava na final da Taça de Portugal. Desconhece se houve alguma alteração das classificações para colocar propositadamente Pedro Henriques na 3.ª posição. Mas adianta que nunca teve nenhum contacto com o árbitro lisboeta e está convencido que Pinto de Sousa falou com João Bartolomeu, e que “aquele árbitro era de mútuo consenso entre si e aquele dirigente”.
Jogo FC Porto-Maia (17.12.03)
Pinto da Costa defende-se dizendo que quando referiu a Pinto de Sousa “está bem, ajuda”, sobre o árbitro assistente Paulo Januário, disse-o no sentido de ajudar o árbitro principal a apitar bem. O líder dos dragões afirma que a arbitragem de Nuno Almeida no FC Porto-Maia prejudicou a equipa da casa, pois McCarthy foi expulso “injustamente como ficou provado nas imagens do jogo”.
III. Supertaça – Época 2002/2003
Final da Supertaça entre U Leiria e FC Porto (12.08.03). Resultado: FCP 1-0
Quanto ao jogo da Supertaça entre a União de Leiria e o FC Porto, Pinto da Costa diz que não apoiou a nomeação de Pedro Proença, pois não gosta do árbitro, que, no seu entender, “os prejudicou”, sendo conhecido da opinião pública o “enorme contencioso que tem com o FC Porto”. Existe até um pedido na Liga para que não apite jogos dos dragões, esclarece.
IV. Caso “Deco”
Relativamente ao “Caso Deco”, Pinto da Costa começa por dizer que o FC Porto não apoiou Valentim Loureiro, nomeadamente por estarem em desacordo “com o sistema dos observadores”, que é fonte de “injustiças nas classificações dos árbitros”. Sobre a partida em que se deu a situação com Deco, diz ter assistido ao jogo e afirma que o jogador não atirou propositadamente a bota ao árbitro [expulso num Boavista-FC Porto]. Questionado, o presidente do FC Porto diz saber que Valentim Loureiro privava com o juiz desembargador Gomes da Silva, na altura presidente da Comissão Disciplinar da Liga, e revelou que não estava preocupado com o relatório do árbitro, já que este “não poderia dizer o que não aconteceu, isto é, que tivesse sido agredido violentamente [por Deco]”.
Caso disciplinar de Pinto da Costa - Caso Maniche
(Maniche saiu a custo zero do Benfica para o FC Porto, devido ao seu contrato ter terminado em Julho de 2003. O Benfica queixou-se à Liga de que os dragões teriam aliciado Maniche mais de 6 meses antes do final do vínculo que o ligava aos encarnados, o que a lei proíbe).
No processo contra si, Pinto da Costa diz que é normal o desfecho que teve, pois não havia qualquer fundamento. Por isso, o juiz desembargador disse de antemão que “sabia que seria assim”, defende-se.
Em Março de 2003 surge a possibilidade do FC Porto contratar Maniche. Dado que o contrato do jogador com o Benfica terminava em Julho desse ano, “estavam reunidas as condições legais para o FC Porto acertar negociações”. O dirigente acrescenta que quanto a Maniche, foi José Mourinho quem o quis ter no FCP, contra a sua vontade e da administração da SAD... Afirma peremptoriamente que a assinatura no documento só pode ter sido falsificada, pois não a reconhece como sua, nem sequer tem ideia de como foi lá posta. “No alegado contrato, nem o FC Porto nem o declarante eram partes, até porque o destino do jogador, traçado entre o seu empresário, Paulo Barbosa, e Maniche seria a equipa do Bordéus”, esclarece.
No caso do relógio, diz que o ofereceu a Valentim Loureiro porque ainda não lhe tinha dado prenda de aniversário e afirma que se quisesse agradecer um favor, teria oferecido um relógio mais valioso, e não um a imitar ouro. O relógio oferecido tinha um valor de 150 euros, segundo o presidente portista.Processo extinto por prescrição.
Caso do processo disciplinar a José Mourinho/ jogo Sporting-Porto
No “caso Mourinho”, Pinto da Costa afirma que perguntou a Fernando Santos se tinha visto [José Mourinho a rasgar a camisola de Rui Jorge] e este respondeu que não, e que tinha sido um tal de Paulinho [roupeiro do Sporting] que lhe tinha contado. Pinto da Costa diz sobre Paulinho que tem “a impressão de padecer de algum problema mental”.
Na altura teve a curiosidade de tentar rasgar a camisola à mão e verificou que isso “era impossível”. Além disso, “José Mourinho disse que não a rasgou”, conta. O presidente do FC Porto acreditou nele, “o que se calhar hoje poderia acontecer de forma diferente”, mas diz que se Fernando Santos dissesse que tinha visto, acreditaria seguramente nele porque já o conhece.
Pinto da Costa não se lembra de nenhuma reunião com Adelino Caldeira e Valentim Loureiro e o juiz desembargador Gomes da Silva. De referir que a pena aplicada a José Mourinho foi revogada pelo Conselho de Justiça da FPF.
A terminar, foi pedido a Pinto da Costa para explicar a sua relação com as seguintes pessoas:
António Mortágua, juiz presidente do Conselho de Justiça da FPF – "relação cordial e contacto desportivo". Refira-se que Carolina Salgado disse na sua autobiografia que o referido magistrado tinha aceite receber Pinto da Costa na sua casa quando o líder do FC Porto era esperado no Porto para ser ouvido pela Polícia Judiciária.
António Araújo, empresário – "o FC Porto tem interesse em trabalhar com ele, pois é o mais bem relacionado no Brasil". Conhece-o "há quatro ou seis anos".
Joaquim Ribeiro – "É amigo há 15 anos". Tratam-se por “você”. Só trata por “tu” Luís Guilherme.
Pinto da Costa afirma ainda que vive do rendimento mensal de 400 euros, devido à sua participação de 10 mil euros na SAD portista. Afiança que não tem outros rendimentos e paga 1000 euros mensais de renda da casa.
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